O LIVRO NO BRASIL

"O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado."

Este é o inicio de uma  carta aberta de desabafo que Luiz Schwarcz, editor chefe da Companhia das Letras, uma das maiores editoras do país, fez no blog da referida empresa no dia 27 de novembro de 2018, preocupado com a crise  que o livro está tomando no Brasil, com a queda de vendas.

Abaixo selecionamos mais um trecho dessa carta, fazendo nossas as palavras de Schwarcz:
"Escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento.

As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.

Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. (...) Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva."  

Vamos fazer cada um de nós a nossa parte, e para quem gosta de livros como eu, façam deles seus presentes de natal. Vamos mostrar  as novas gerações o prazer que dá em ler um livro, folhear suas páginas e descobrir novas estórias, em participar das aventuras  contadas em cada novo livro que recebemos.

Como disse meu amigo e editor, Victor Tagore, em seu texto "Brasília, um desafio de leitura", "Os livros são nossas sementes para um mundo melhor e nós os cultivadores dessas sementes"

Novos escritores estão chegando ao mundo dos livros.. e novos leitores estão nascendo no Brasil.

Então, vamos lá, visitem as livrarias, procurem livros, presenteiem com livros, leiam e deixem que as palavras contidas nos livros te levarem a lugares maravilhosos. Com certeza trarão descobertas e novos aprendizados para o seu futuro.

Vamos ajudar que os livros, seus autores e as livrarias possam sair desse período tão triste. Afinal, livro trás alegria, aventura, prazer, diversão, aprendizado e paixão.

Fonte: www.tagoreeditora.com.br

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