O VELHO E O MAR
Quem leu “O Velho e o Mar”, de Ernest
Hemingway, vai se lembrar da odisseia de um velho pescador chamado Santiago,
que sai sozinho para pescar na costa de Cuba em um pequeno barco a remo. Quem
não leu, vai conhecer um pouco dessa história agora.
Após mais de 80 dias sem sucesso, o
pescador consegue finalmente fisgar um espadarte gigante: o maior peixe da sua
vida. Porém, a sua luta estava só começando.
O espadarte resiste até onde consegue
e vai levando a canoa do velho para alto-mar, castigando o pescador com um sol
que quase o cegou e chegou a abrir feridas em suas mãos.
Com muita determinação e resiliência,
Santiago consegue vencer o peixe. Mas aí começa uma nova batalha. Agora, contra
os tubarões que tentam devorar a sua conquista.
Ao voltar finalmente exausto para a
praia, do peixe só restavam as espinhas – sem carne – e as memórias da sua
grande luta.
A história de Santiago me lembra a
vida de muitos ambientalistas brasileiros. E, de certa forma, a minha.
Possivelmente muitos daqueles que no
passado se aventuraram no vasto oceano da defesa ambiental, fizeram isso
sozinhos, resistindo a todas as forças contrárias, e sendo levados muitas vezes
à exaustão. Sem falar daqueles que foram mortos.
Também embarquei num pequeno barco há
31 anos tentando trazer consciência ambiental para a praia. A maior consciência
que alguém pudesse pescar.
Mas ao contrário do Santiago, eu e
mais algumas pessoas que embarcaram comigo nessa missão, tivemos mais sorte.
Não pescamos um espadarte, mas enchemos a rede do Instituto Ecológico Aqualung
com sementes. Sementes de consciência.
Com os anos, as sementes foram
germinando e, após mais de duas décadas de luta em alto mar, desembarcamos na
tropical praia de Copacabana com mais de mil voluntários engajados em limpar
nosso planeta e preservar a vida marinha dos nossos oceanos.
Nascia
assim o Projeto Tatuí. Um projeto genuinamente carioca de
preservação da vida marinha. E o nosso icônico Tatuí foi homenageado, ainda
que, infelizmente, de forma quase póstuma, pois poucos são encontrados hoje em
dia nas nossas praias.
A história de Santiago ajudou Ernest
Hemingway a ganhar o Prêmio Nobel da Literatura de 1954. O Projeto Tatuí
conseguiu premiar 1.128 voluntários, em dez anos de ações de limpeza pelas
praias do Rio de Janeiro.
Foram dezenas de toneladas de lixo e
microlixo retiradas das nossas praias por alunos e voluntários de escolas e de
empresas que abraçaram a causa.
Sem contar com as mais de mil
palestras dadas para diferentes comunidades alertando sobre os riscos causados
pelo plástico para nossa vida marinha.
E cada participante do Projeto Tatuí
é tocado – bem lá dentro – no centro da sua consciência socioambiental.
Independentemente da idade. Aliás, as crianças muito pequenas são as mais
beneficiadas, pois levam essa nova consciência pelo resto das suas vidas,
transformando-se em grandes agentes de mudança.
Agora em 2018 o Projeto Tatuí estará
fazendo 10 anos e convida todas as escolas e empresas que quiserem proteger
nossos oceanos e nossa vida marinha a entrarem no barco.
No final da história do Santiago,
todos os pescadores reconhecem seu grande feito, só pelas espinhas que ele
trouxe como prova.
Da mesma forma, o Projeto Tatuí tem
recebido o reconhecimento da nossa sociedade e dos principais órgãos ambientais
como a ONU Meio Ambiente, através do seu projeto Mares Limpos, e da ONU
Volunteers que têm participado dos eventos do projeto.
Se não podemos mudar os capítulos inicias da degradação do nosso meio-ambiente, podemos juntos escrever uma nova história e essa, certamente, com um final feliz para os nossos oceanos. #ecologia #petfriends #windmarketing #preservação #institutoaqualung
BY Luca Padovano - INSTITUTO ECOLÓGICO AQUALUNG
Tags: aqualungcolunistafeaturesustentabilidadevida marinha
FONTE: http://mudatudo.com.br/colunistas/o-velho-e-o-mar/
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